terça-feira, 14 de abril de 2015 | By: Marcos Vinícius

Background: Ingmar Straben

- Rá! Isso é tudo que você tem, otário!? – berrou Ingmar.

Já deve ser o décimo ataque que Strund, líder de uma pequena corja aos redores da cidade anã, tenta acertar em Ingmar.

- Seu cuzão! Bate direito! – incitou Ingmar.

Bón!, fez o escudo de Ingmar ao bloquear mais uma machadada.

- PORRA, É ASSIM, Ó...!

Strund hesitou. Todas as vezes que ele atacou, ele falhou. Aqueles insultos já subiram à cabeça faz tempo, antes ele sentia raiva, queria fazê-lo engolir as suas palavras; agora, frustram-no, ele só quer que a luta acabe. Strund hesitou. DUM!, e ali ele jazeu, morto com uma sonora martelada no capacete que afundara seu crânio como se sequer tivesse protegido.

Ingmar sempre fez valer suas fortes palavras, é o seu jeito falastrão de ser, e provavelmente essa forma pouco ortodoxa de agir o fez se identificar tanto com seu deus, Stronmaus, após encontrar seu martelo que supostamente foi um presente dele.
Sendo um anão dos sonhos, um tipo incomum da raça anã, foi criado numa cidade comercial próxima à capital anã junto com seus pais. Propenso à arte da luta corporal por ser muito forte e, principalmente, resistente, lutou junto da guarda local e passou alguns anos na guarda anã devido ao seu bom desempenho e disciplina em combate.

Em uma das missões dadas pelo tenente da guarda anã, foi investigar junto de sua companhia uma denúncia de saqueadores de tumbas.

Após um dia inteiro adentrando a tumba, os primeiros corpos apareceram. Julgando pelos seus equipamentos, eram dos supostos saqueadores: armas e armaduras leves, além de instrumentos para desarmar armadilhas; este era humano. Mais algumas horas de caminhada e finalmente as primeiras tumbas apareceram, junto com mais corpos, anãos e humanos. O primeiro deles parecia de outra cor, para um tom esverdeado; era um meio-elfo.

- Deve ser reflexo das pedras molhadas por causa luz das tochas – disse o sargento, para ver se tirava um pouco da cara de pânico dos seus quatro comandados.

“Luzes não provocam bolhas”, pensou Ingmar, “mas eu também mentiria para manter o mínimo do moral. Tem alguma coisa errada aqui”.

- Podem ir, já alcanço vocês – ele apenas gesticulou com a mão, sem tirar os olhos do cadáver –. Quero fazer... umas... anotações pro... relatório.

- Tá, vamos investigar estas tumbas, estamos logo ali. Olhem! Tem um lago ali – disse o sargento, apontando para o tal lago, ao fundo da tumba.

Olha daqui, olha de lá, e Ingmar não tinha a menor noção do que passara com o sujeito. Aquelas bolhas não eram comuns, nem para uma doença de elfo. “Bom, não deve ser; porra, nem conheço um elfo direito!”

O corpo mexeu um dedo.

- EITA PORRA! O CORPO MEXEU, CARALHO! – numa ação conjunta, enquanto gritava, Ingmar dava duas marteladas na cara do meio-elfo.

- Como é que é? – virou-se o sargento.

- Essa porra de meio-elfo mexeu o dedo, sargento!

- Pelo barulho você já esmigalhou a cara dele. Vem pra cá, vamos ficar juntos.

As tumbas eram apenas quatro, mas eram enormes. Não eram de humanos e muitos menos de anões. A maior delas ficava ao lado do lago e era a única que os saqueadores conseguiram abrir um pouco. Pés-de-cabra e restos de lanças comprovam que não foi nada fácil abrir uma fresta naquela tumba, onde só entra o braço.

- Alguém segure a tocha mais alto. Quero ver o que tem dentro – ordenou o sargento –. Tem uma múmia enorme aqui! Um martelo, um pedaço de metal, parece um escudo... Me ajudem aqui a terminar de abrir a tumba.

Todos puxaram e empurraram com a maior força que podiam, até esqueceram dos corpos e da atmosfera negativa naquele lugar.

A porta abriu-se. Um martelo e um escudo no chão, uma lança ao lado direito da múmia E uma placa no pescoço: “Lyberopoulos, arauto de Stronmaus. Suas façanhas jamais serão esquecidas. Seu povo e seu deus estão orgulhosos de você.”

- Ninguém toca em nada! – já avisou o sargento – Não seríamos melhores que esses vagabundos pegando as coisas dos mortos. Investiguem os corpos vocês três. Ingmar, vamos ver este lago. É a saideira.

E então o lago borbulhou.

- Caralho! Chega pra atrás, Ingmar. Todo mundo, reagrupar!

Surge um Bolef das águas.

- Mas que porra é essa? – o soldado entra em pânico e começa a dar passos para trás, quando é agarrado e esfaqueado por um dos corpos esverdeados.

- Ataquem-no! – esbraveja o sargento, apontando para o assassino.

Presa fácil, caiu com apenas duas machadadas.

Ao olhar de volta para o Bolef, vem uma cusparada verde escura no rosto de outro soldado. Ingmar sequer olha para o rosto sendo desfigurado pelo ácido e corre para cima do monstro das águas.

- MORRA, FILHO DA PUTA!!

Os tentáculos do Bolef interrompem a carga do anão e jogam-no na tumba do gigante Lyberopoulos. Ingmar levanta-se, observando o martelo brilhar com uma luz própria, pequena e imperceptível se comparada com a luz da tocha mesmo no chão. Ele recompõe-se rápido o suficiente pra ver seu outro companheiro atacando com sucesso algumas vezes. Logo atrás estava o sargento derrubando mais um corpo reanimado. Três cercavam-no. Ingmar pegou seu machado e partiu para cima também. Ele e o soldado conseguiram mais alguns ataques controlados, bloqueando com seus escudos e atacando nas brechas. O tenente derrubara mais um quando o Bolef esguichou mais um pouco do ácido, que os pegou desprevenidos. No susto, o monstro viu a brecha: empurrou mais uma vez Ingmar para dentro da tumba e agarrou o soldado. De novo Ingmar olha para o martelo, brilhando bem mais, distinto da luz da tocha. Ele estende o braço para pegar seu machado, mas percebe que o ácido afetara-o. O martelo brilhou mais um pouco. Ingmar estava tão compenetrado que não viu seu companheiro
agarrado ser arremessado no lago. Borbulhas e ondas surgiram no lago. Ingmar virou-se pra ver o que era o barulho. O martelo brilhou mais um pouco. “Quer saber? Foda-se, vamos que vamos, martelo”. Ele segurou-o pelo cabo. O martelo brilhou mais um pouco.

- AAAAAAAARRHH!

O martelo brilhou muito.

O Bolef sequer reagiu e o martelo pegou em cheio, no meio dos seus olhos, jogando-o para trás de outra tumba.

O martelo parou de brilhar.

- Kjell! – gritou o sargento, sem a parte de cima de sua armadura, correndo e pulando no lago, em direção às borbulhas.

Com três remanescentes dos cinco, o sargento pondera:

- É evidente que este martelo queria intervir. E agora, deveríamos devolvê-lo?

- Rá! Tô levando esta gracinha comigo. Se você não quer ir, acho que saberá dizer isso.

Ingmar passou os anos seguintes dividido entre os treinamentos da academia e a biblioteca, estudando mais sobre o deus Stronmaus e sua ligação com o martelo e com o mundo. O espírito caótico das tempestades, o esplendor dos céus... mesmo sendo um anão, ele foi criado na superfície e sempre foi maravilhado pelo formato das nuvens, os desenhos que os raios faziam no horizonte...

- Stronmaus, a partir de hoje sou instrumento de sua saga. Honrarei, junto com meu martelo, tua bondade, tua história e teu nome – jurou.

Desde o episódio com o Bolef, Ingmar e “o martelo” ficaram famosos nos ranques da guarda, até que Ingmar decidiu que poderiam alcançar glórias maiores como aventureiros. Diversas recompensas sucederam diversos desafios, até que sua viagem o levou à caça de Strund. Após o golpe mortal na cabeça, ele retornou à taverna da cidade para sua recompensa.

- É você o John? Aqui, ó – ele entrega o papel –: está morto.
quinta-feira, 9 de abril de 2015 | By: Guilherme

Prólogo

Aqui começa uma jornada..

Uma jornada que talvez leve a grandes glórias e grandes conquistas..

Mas o caminho mais provável dessa estrada é a Ruína.

 Note que quando eu seu querido Narrador fala dessa tal Ruína deixo claro que não é uma morte qualquer no fim de um grande combate épico, ou o veneno na ponta de um dardo, que por falta de atenção ou competência, toma a vida de um aventureiro.
 Essa Ruína é o esquecimento, é uma morte lenta e agonizante me uma cama de sanatório ou a própria obsessão do aventureiro que acaba de bruços em uma cova rasa.



Prólogo - Aqueles que trilham a penumbra

Em vossos sonhos eu me revelo, pergunto sobre tuas experiência e julgo tuas proficiências, sempre em busca daqueles que no caós e na decadência do mundo encontram o campo fértil para crescerem. então levantem-se minhas pequenas ervas, e marquem essa terra com suas conquistas...